MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA, livro de poesia de Armando Severo

MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA é o segundo livro do poeta Armando Severo. Publicado pela editora Bestiário, trata-se de uma coleção de poemas, e tem o subtítulo de "caminhos e precauções para lidar com o inexorável". Leia a abaixo alguns trechos do livro:

Respaldo

Tinha uma certeza:

toda boa ação tem endereço.

Gratuidade não cabe,

quando é a vaidade

quem cobra a entrega.

Diálogo

Às vezes

uma gargalhada

crua

sabe ser mais útil

que um conselho

pasteurizado.

Oásis

Eu era seco

até descobrir

que a minha sede

tinha cura.

Eu era seco

até decifrar

os teus olhos.

A seguir publicamos a resenha escrita pelo professor e escritor Adeli Sell:

"Acaba de sair pela Editora Bestiário, ao final de 2022, novo livro de Armando Severo. Já tinha lido outro seu, tratando da "reclusão", uma construção feita de tempos de sombras e luz, numa referência ao período pandêmico.

Agora, já pelo título se vê que usou deste seu "manual" para sobreviver e buscar caminhos para lidar com o inexorável.

E vejo que de um certo toque pessimista do livro anterior, pois ele fazia esse jogo de luz/sombras, agora o vejo sabendo lidar, sobrevivendo nesse mundo líquido.

Pois para ele me parece que as coisas serão o que nossa alma permitir. E ele quer se permitir mais ao amor, com vários poemas de sua junção com a amada, os beijos, os abraços, ser um só.

Ele descobriu que "é a sociedade que não tem cura". São ainda elementos do seu livro anterior, é o que se sente quando fala da filha com tanto amor, mas se preocupa com o mundo em que vive e vai viver.

Acho que o seu ponto de mudança é no singelo poema que dá título à obra:

Manuel de sobrevivência

Dizem que não devo gritar.

Devo calar, desviando os olhos

Daquilo que dizem que não devo.

Dizem que tudo passará.

Mal sabem

Que eu passarei por eles.

Noutro que fala da conduta, ele diz que não é ele quem deve mudar, que

"reveja

as companhias

e não as atitudes.

Outro ponto de sua "percepção" é

(...)

a certeza que tenho é saber

o que não quero ser.

Severo não teme o tempo, enfrenta o passar com seus versos, suas reflexões, não se importa com a tarefa de Sísifo. Ele retoma temas, seja do amor, de sua relação com a amada, para sempre "se declarar" amante. Ele retoma temas usando de reflexões com palavras contraditórias, o que mostra um grau de maturidade.

Não existe poeta pronto. Tenho convicção de que há um amadurecimento do autor.

Minha dica é ler, reler. Li numa tacada, mas Severo, prometo voltar a ele de quando em quando."

ADELI SELL é escritor, professor e bacharel em Direito.

Sobre o autor:

Armando Steglich Severo, 55 anos, natural da cidade de Taquara, onde é funcionário público por concurso e poeta por resistência.

- Faz parte da Ordem da Confraria dos Poetas onde em 1999 teve cinco poemas selecionados para a Coleção Poética - Coletânea da Ordem da Confraria dos Poetas, Editora SHAN – Porto Alegre.

- Ainda em 1999 lançou seu primeiro livro de poemas intitulado "PULSAR" numa edição independente.

- Em 2000 teve um poema selecionado para compor a Coletânea TIMOR Esperança da Ordem da Confraria dos Poetas, Editora SHAN.

- Foi um dos vencedores do Concurso Poemas no Ônibus edição 1999/2000 realizado pela Prefeitura de Porto Alegre através da Secretaria Municipal da Cultura – Coordenação do Livro e Literatura/SMC.

- Em junho de 2022 publicou o livro de poemas "Em tempos de reclusão" – Editora PROVERBO – Maricá RJ, que conta um pouco da sua experiência após ter contraído a COVID-19.

- Por iniciativa própria, encomendou a transcrição para o Braille de 16 edições do "Em tempos de reclusão" e está distribuindo às Bibliotecas Municipais da região do Vale do Paranhana.

- É integrante da Diretoria e um dos idealizadores do CEAP- Coletivo de Escritores e Artistas do Vale do Paranhana.

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