Mundos, poema de Maximiliano da Rosa
MUNDOS
ouça
as vibrações
da nau
cruzando o espaço
o vazio
não cabe no futuro
viver
o bastante para dar adeus a este mundo
talvez não me baste
lá fora
há tantos mundos
aqui neste quarto
escuro
eu me perco
é como um buraco negro
me consumindo
estou em dúvida
se quero ver Marte
e sua vermelhidão
ou Deus
não sei
meu sangue é dar cor
brutalmente rubra
dos olhos de quem me amava
eu tenho medo
de ficar para trás
tenho medo de que ninguém se lembre de mim
pouco importa em qual mundo
viver
se a vida
não me quer
e os vivos me repudiam
pouco importa
tantos mundos
tudo mudo
tanto faz
eu grito e ninguém me ouve
dentro de mim
ninguém
me ouve
o fim
é
uma lágrima congelada
2024
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