Uma entrevista com a escritora Alice Rodrigues

Por Everton Cidade 

Nessa coluna tem uma entrevista de uma escritora ainda não publicada. Por dois motivos que para mim são muito importantes:

1.O talento de um escritor não deve ser medido por ser publicado ou não.

2.O vigor, a coragem e a força dos textos de Alice. É impressionante como ela se joga com o corpo e a alma para dentro das palavras. Alice  Rodrigues, Alice Punka, Alice Freaking é uma escritora não só pelo que escreve. É uma jovem (ainda não tem 18 anos) experimentando o mundo enquanto cria um verbo seu. 

Alice está voando sobre nossa intelectualidade cansada. Admirem sua escrita punk sofisticada.

Um texto de Alice:

Fora impossível não amar como queimava, o calor derretendo seus olhos formando sonhos tão reais quanto ela, o calor vermelho, obsessivo, faziam-na  cair na intensidade trêmula de seu interior.   

Quanto mais a chama crescia ela se aproximava, oh morte que é forte!


Queimava…. 

 

                              O cheiro….

      

   mais perto… 


caia…                                       

  

                                                  Grito choroso…..

    

           ardia…


                                                    mais e mais perto, 

 

queimava…. 

          

                                             Lágrimas secas…….

     

                      asfixia……………….morte.

ah, adrenalina palpitava em seu seio, seu coração queimava, seus cabelos voavam, a pele derretia como vela, a alma se ia, o sangue quente escorria, o abutre comia. 

Os olhos da garota o encarava com um vazio mórbido, ficaram se encarando como se ambos estivessem caindo em buracos negros que abriam corredores infinitos. De repente pequenos glóbulos de sangue formavam sementes de rosas carmim, cresciam de forma anormal, as sementes se abriam em seu corpo se transformando em brotos encharcados de sangue, cresciam pausadamente como se fossem de um papel molhado, de seu corpo exalava uma fumaça quente sobre a noite extraordinariamente fria como se a própria fumaça fosse sua vida deixando seu ser. 

A garota estava completamente aberta com suas entranhas à mostra, a pele se desgrudava da carne, um delicioso e quente banquete, seu sangue perfumava o ar da floresta se misturando com o doce odor de jasmim, era lindo, uma beleza estranha e poética que se podia devorar.

Confira a entrevista:

1. Alice, qual tua primeira lembrança relacionada à livros, literatura?

Lembro de quando minha mãe lia os contos do monteiro lobato quando eu ainda não sabia ler nem escrever, apesar de que hoje em dia não simpatizar muito com ele em termos de opinião.

2. Qual o estilo literário em que está trabalhando atualmente?

Estou trabalhando com contos que se ligam, um tanto gore, mesclando poesia, talvez até depravado, gosto de fazer com que as pessoas que me leem caiam em um sonho, que sintam em todos os seus nervos minhas palavras.

3. Cita alguns escritores que te influenciam.

Me sinto influenciada por Clarice Lispector, clive Barker, Cervantes, Machado de Assis, Edgar Allan Poe, lovecraft e alguns outros, leio bastante, às vezes até como fuga, eu posso estar viciada nisso.

4. Além de escritora, és música.

Da onde vem esse amor pela arte?

É uma necessidade de poder vomitar meus sentimentos, de me encontrar, me sinto completamente perdida e sozinha o tempo todo, quando estou com os camaradas fazendo um som bastante doido em um palco é como gozar, me sinto livre e completa, longe de todos os males, me preencho de adrenalina, a frequência sonora entra em toda minha pele pelos poros e é difícil explicar, palavras nao bastam, muitas vezes erro o ritmo por estar empolgada de mais, isso é um problema que ainda estou aprendendo a controlar, a arte me salva todos os dias, eu preciso dela. E quando escrevo, por mais que esteja sozinha eu não estou porque não me sinto sozinha, talvez eu só consiga ser eu mesma quando toco ou escrevo.

Se fosse definir tua escrita  para alguém, o que diria?

Eu diria que minha alma me escreve,  muitas vezes doi, tem horas que eu desligo e só escrevo, é como dançar, sabe? me pego em artimanhas que faço comigo mesma. O que escrevo me mata, me faz comer a mim mesma, sacio a vida como um prato de carne e suco de sangue.

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