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A literatura brasileira pede socorro contra o obscurantismo

A literatura brasileira pede socorro contra o obscurantismo

No Brasil, lê-se pouco. Livros são caros, faltam livrarias e incentivos à leitura. E poucos são os escritores que conseguem publicar e viver da arte da escrita. Para piorar ainda mais esse cenário, nos últimos dias diversos acontecimento sacudiram o mercado literário brasileiro. 

Primeiro foi o caso Boca Migotto. Perseguido pela extrema-direita, o escritor e cineasta desistiu de ser patrono da 32ª Feira do Livro de Carlos Barbosa, município localizado na serra gaúcha. O anúncio foi feito no dia 22 de fevereiro. Assim, o evento literário não contará com um patrono pela primeira vez na história. Embora a entidade responsável pela feira, a Proarte, não tenha informado o motivo da desistência do escritor, nas rede sociais tornou-se pública a perseguição por conta de posicionamentos políticos de "esquerda" por parte de Migotto.

Em seguida, foi a vez do livro "O avesso da pele", de Jefferson Tenório, sofrer uma enxurrada de críticas. Tudo começou  quando a diretora de uma escola estadual em Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul, publicou um vídeo criticando a obra. O romance foi vencedor do Prêmio Jabuti em 2021. A acusação foi de que o livro conteria linguagem de baixo calão. O que causou indignação entre os escritores e artista foi o fato de a secretaria de educação ter mandando recolher os 200 exemplares do livro que foram enviado pela escola dentro do PNLD.

Diante da censura, diversos intelectuais brasileiros, além do autor e da editora Companhia das Letras, se manifestaram. Segundo eles, há uma resistência da classe conservadora brasileira em encarar questões sociais urgentes como o racismo. Além disso, a divulgação de trechos fora de contexto seria uma ato de má-fé por parte dessas pessoas. A intenção por trás disso seria justamente distorcer os fato e dar a entender que o livro se resume a isso.

E não para por aí, além do RS, a Secretária de Educação do Paraná também ordenou o recolhimento de exemplares do livro no dia 4 de março. Em nota, a entidade nega que haja censura, e que “conduz habitualmente revisão dos materiais incluídos no PNLD”, e que essa atitude visa apoiar os professores no trabalho pedagógico a partir das obras expostas.

Em nota nas sua redes sociais, Tenório escreveu: "São atos violentos e que remotam dias sombrios do regime militar. Inaceitável uma atitude antidemocrática como essa em pleno 2024. Não vamos aceitar qualquer tipo de censura."

Vale ressaltar que não é a primeira vez que o livro passa por isso. Em 2021 ainda a obra havia passado por situação parecida em Salvador, na Bahia.

A poeira nem assentou, e a notícia de que outro livro publicado recentemente, está sofrendo com perseguição e censura. Em suas redes sociais, o escritor Airton Souza, vencedor do Prêmio Sesc 2023 com o livro "Outono da carne estranha" divulgou que o livro causou desconforto na direção da entidade durante a leitura de um trecho da obra durante a Flip 2023. Na ocasião, foi pedido inclusive que ele não lesse o trecho inicial do livro. O escritor, porém, ignorou o pedido.

Desde esse dia, segundo ele, os diretores do SESC teriam começado uma perseguição à obra e ao autor. Ele contou que suas participações no circuito de divulgação da obra, prevista no regulamento do concurso literário, foram canceladas. O conteúdo do romance publicado pela editora Record, que narra a história de um relacionamento gay no garimpo de Serra Pelada, seria o motivo do descontentamento.

O SESC estaria cogitando, inclusive, retirar o prêmio dado ao autor Airton Souza e já estaria preparando mudanças para a próxima edição do prêmio. Alterações no regulamento estariam em curso para evitar que obras como "Outono de carne estranha" sejam laureadas.

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