Resenha do livro "Ofertas Imperdíveis", de Maximiliano da Rosa

Livro Ofertas Imperdíveis de Maximiliano da Rosa

Resenha escrita pelo escritor Marcelo de Almeida Silva da obra "Ofertas Imperdíveis",  de Maximiliano da Rosa. O livro é uma coletânea de contos publicado em 2022 pwla editora Folheando, que està à venda através do link a seguir: https://www.editorafolheando.com.br/pd-92331c-ofertas-imperdiveis.html?ct=&p=1&s=1.

Confira a seguir:

"Um leitor desatento em busca de entretenimento e coisa leve numa livraria qualquer com certeza compraria esse livro pela capa. Colorida, aprazível, promessa de leveza, título mais mentiroso do que político em campanha.

O futuro das distopias em tantas publicações pensadas ao longo do século no trabalho de Maxlmiliano se realizam tendo como catalisador algo não pensado nem por Huxley nem Orwell. Não é a grande política nem as corporações super-controladoras que nos aprisionam corpos e mentes. É um vírus. Mais precisamente, o tão recente e devastador covid-19.

Pois o futuro chegou. Presente, como sempre esteve, seja no passado ou agora mesmo. Ao longo de dezoito contos, o livro desvela um pouco do outro e muito de nós.

 A não aceitação da morte, sua e do outro, na casa ou na sarjeta, do além, daqui, de lá.

A não aceitação da rotina, da prisão domiciliar, da liberdade do transporte público infectado de vírus, tédio e revolta. És necesario sobrevivir sin perder nunca la producción.

De um lado, o homem; do outro, o vírus; entre eles, alienação, revolta, indiferença, desamor, desgoverno e oração. E tudo dentro do Homem.

E também o Sarcasmo. Ele está ali, de cara, na capa, nas cores, no título. Não viu quem não quis. É ele que dá o pensamento do autor. O título não é mentiroso; ao contrário, ele se instala no refúgio da ironia, última rajada da lucidez, Ofertas Imperdíveis mirando contra todos os alvos.

Não dava mesmo para dourar a pílula. Aliás, há remédio?

Não há remédio, não há paliativo, não há solução. A solução é acender um cigarro no posto de gasolina ou no corpo inerte do mendigo infectado. Ou numa montanha de livros. Fahrenheit 451 não está no meio do livro à toa.

Boa parte escrito em primeira pessoa atormentada, acabamos por ler nós mesmos, seja em Fobos, Canção para Úrsula, Esperança ou Escritor, alternando fé e descrença, amor e indiferença, dentro e fora, casa e rua, eu e o outro, vida e morte.

Parece caótico? É só um reflexo. "