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Entrevista rápida com o Escritor Éder Alves de Macedo

Por Everton Cidade

Entrevista rápida com o Escritor Éder Alves de Macedo

Éder Alves de Macedo é professor de Língua Portuguesa, Inglesa e Literatura, residente em São Leopoldo, Rio Grande do Sul. Atua na rede pública de ensino como professor de Ensino Fundamental e Formador de Professores.

É mestre em Literatura Brasileira e Doutor em Literatura Comparada pela UFRGS. Suas áreas de pesquisa abrangem a filosofia existencialista, os estudos de gênero, teoria literária e a obra da escritora brasileira Clarice Lispector. Também é músico, vocalista das bandas de heavy metal Sorrowful Dream e Firdaria, com singles, demos e álbuns já lançados.

Embora escreva contos, poemas e crônicas há muitos anos, "Do Amor e sua Natureza" é sua primeira publicação.

1. Quais as influências mais fortes na tua escrita?

Pergunta difícil. Acho que tudo que li e ouvi: Clarice Lispector, Fernando Pessoa, Bauhaus, Machado de Assis, Hilda Hilst, Morbid Angel, Slayer, Paradise Lost, Caio Fernando Abreu, Cocteau Twins, Saramago, Florbela Espanca, Drummond, Álvares de Azevedo, My Dying Bride, Anathema, Ferreira Gullar. E tantos outros. Para mim, a literatura e a música sempre foram lugares onde eu me escondia e me encontrava. E pretendo fazer do ato de escrever isso. Me perco e me encontro na escrita. Portanto, acho que todos me influenciam e nessa ânsia de ser muitos, acabo me tornando “eu” - importante, um “eu” entre aspas. 

2. Ser músico e performer influência de alguma forma tua escrita?

Ih, não sei. A música e a literatura têm papéis muito semelhantes na minha vida. Por outro lado, uma é mais solitária que a outra. Musicalmente, compartilho e opino no momento da criação. Existe uma ação e um resultado imediato. Há uma forma mais impositiva. Um ritmo imposto. Já a literatura é solitária. A forma, o ritmo fluem com as palavras e, por isso, é um trabalho mais difícil. Já fiquei por anos fazendo e refazendo um texto. E era bom. Eu acordava e odiava tudo que havia escrito e reescrevia para odiar no dia seguinte.

Mas acredito que tanto na minha música quanto na minha literatura haja em tom, um ritmo, um timbre que é um infamiliar dentro do familiar. Quero soar parecido com coisas, mas sendo diferente, ou mostrando outras coisas nessas mesmas coisas. Não viso a nehuma originalidade. Deus me livre ser único.

3. Está com um livro em pré-venda pela TAUP . Fale um pouco do livro.

Ele se chama “Do amor e sua natureza”. Há muitos anos o escrevo e, ano passado, depois da defesa de um doutorado, resolvi dar outra razão literária para minha vida, resolvi ir atrás de formas de publicá-lo. Não sei nada sobre venda de livros, de marketing, de mercado editorial. E estou recém aprendendo a ter o distanciamento necessário para ver meu livro como o que é: um livro, um produto, um produto a se vender. É difícil! É dolorido! É difícil, inclusive, fazer uma síntese dele. São contos. Eles falam de amor? Acho que não. Eles são românticos? Certamente, não. São histórias reais. Não! Mas me povoam. E sempre estarão comigo. A Maristela, a Clara, o Luís, a Bárbara, a Suzana, o Antônio são todos reais. Na minha vida, são reais. Aliás, Suzana existiu e eu quis, sim, dar um fim digno a ela. 

Acho que são histórias que partem de um conceito que tenho sobre o amor, uma percepção muito particular de o que ele é. Todos os contos, de alguma forma, circundam esse conceito de amor. E esse conceito traz o que há nele de belo e puro, e o que há nele de violento e sujo. Gosto de pensar na organicidade das coisas e na organicidade do que sentimos. E o amor, nesse livro, está sempre assim: nos cantos sujos, embrenhado em galhos, embaixo da geladeira, em um hospital psiquiátrico, em um cachorro vira-lata, em uma sala de aula, em sonhos, ou no cocô.

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Para apoiar a publicação do livro no site Benfeitoria clique aqui.

Comentários

  1. Agradeço pelo espaço. Lugares como esse são cada vez mais raros, embora sejam essenciais não só para a literatura, mas para a vida. Um grande abraço!

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