5 poemas de Maximiliano da Rosa extraídos do livro "a hora de massacrar idílios"
Os cinco poemas abaixo foram publicado no livro de poesias "a hora de massacrar idílios", de Maximiliano da Rosa (editor deste humilde blog literário), publicado pela editora Toma Aí Um Poema. Confira:
A HORA DE MASSACRAR IDÍLIOS
verdades não ditas são como baratas
se esgueirando na escuridão
elas estão lá, submersas em enganos e esquecimento
não se iluda,
as palavras sufocadas ou pisoteadas
nunca morrem
cedo ou tarde
a hora de massacrar os idílios chega
...
SUFOCA
sufoca os beijos, acaricia as dores
minta para a poesia,
liberta o desapego
as mãos trêmulas do poeta
tecem desencontros e versos fatigados
sob a luz pálida da desesperança
a hora de ser audaz já passou
o que resta é essa dor desatinada
...
A FOLHA EM BRANCO
a folha em branco espera o poema forçado
o amor espera o poema
romper sua casca
o amor dá graças ao poeta, mesmo diante da ausência de
beleza
o amor não quer beleza, exatidão, versos milimetrados,
firma reconhecida
o amor –
bicho indômito,
à espera de desastres,
capitão de naus desgovernadas
...
ESCREVO
escrevo
para passar o tempo
e para impedi-lo
escrevo
para encontrar alguma ordem nas palavras
e em meus atos
escrevo para descobrir e encobrir meus rastros
escrevo
para mergulhar nas profundezas do meu ser e me libertar
escrevo:
sou como uma dona de casa colocando o lixo pra fora
sou como um vulcão adormecido cuspindo sua lava
sou como o jorro espesso de um falo enrugado espalhando
vida e gozo
escrevo
para manter as paredes de pé,
para não desabar ante tantas indecisões e temores
escrevo
porque
é a minha natureza
sou feito um peixe no oceano, nadando, sem poder parar
escrevo, e vivo e tento
não ser levado pela correnteza
...
NÃO TENHO NADA A DIZER
não tenho nada a dizer
a poesia fala por mim
não tenho nada a declarar
deixo que a poesia desabroche
e declare a minha incompetência
não tenho nada o que dizer
nada além de lamentos e ladainha enfadonha
nada tenho a declarar
tudo o que não sou e nunca disse falam por mim
Maximiliano da Rosa nasceu em 1973 na cidade coureiro-calçadista de Novo Hamburgo, mas vive atualmente na cidade de Imbé, no litoral norte do RS. Viveu por muito tempo em São Leopoldo. Lá, frequentador assíduo da Biblioteca Municipal Viana Moog, passava a maior parte do tempo perdido entre os livros junto de seu amigo e também escritor Everton Cidade. É fã de Moacyr, Scliar, John Fante, Ray Bradbury, Rubem Fonseca, Paulo Leminski, Quintana, Caio Fernando Abreu, entre outros. É escritor, blogueiro, poeta, contista, desenvolvedor de aplicativo, pai, filho, mártir. Só não é santo. Não vive da escrita, mas vive para ela. Em sua trajetória literária participou de diversas antologias literárias, venceu um ou outro concurso publicou alguns livros. O mais recente é o romance "Matilha Urbana de Desvalidos", que encontra-se em pré-venda pela Opera Editorial. Há poucos dias foi vencedor do concurso para seleção de obras literárias inéditas da prefeitura municipal de Estância de Atibaia/SP.
Siga o autor no Insta: www.instagram.com/maximilianodarosa
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