Rimbaud e nós - Por Everton Cidade
Demorei para ler os poemas de Rimbaud completos. Na biblioteca da minha cidade não havia livros de sua poesia ou prosa. Mas havia duas biografias. E nelas alguns poemas. E nesse pouquinho das letras dele fui arrebatado.
Mas também o fui pela hipérbole de sua vida filme. Rimbaud (que assim como Patti Smith, erroneamente chamei no principio de Rimbaud) me pegou pelas ancas. Nele começa a trajetória do punk. Do andarilho. Do viva intensamente aguente as consequências. As primeiras citações sobre Rimbaud que captei foram de artistas pop como Jim Morrisson, Echo And The Bunnymen e Cazuza.
Eu tinha 16 anos. Anos 1980.
Eu imaginava, pelo pouco que tinha lido nas biografias , os poemas de Rimbaud. E isso moldou minha escrita. Moldou minha juventude. Queria pecar e errar como ele. Estar à deriva. Quando imaturos e inexperientes só vemos o glamour das tragédias , da solidão e da fome. Não pensamos nas dores e nem mesmo no mau cheiro do mundo. Eu segui forcei a barra para ter experiências semelhantes e algumas consequências me acompanham mesmo hoje aos 50 anos.
Quando consegui meu primeiro Livro do Rimbaud — quão diferente dos poemas que eu imaginava, tão melhor! — tradução de Lêdo Ivo.
Recebi minha tábua de esmeraldas.
E se às vezes , relendo suas obras o acho apenas um menino mimado raivoso ou uma criatura alien, é muito mais pelo meu humor do que pelos escritos.
Rimbaud é. E está no éter.
Sobre o autor
Everton Cidade é músico e escritor.
Tem 5 livros publicados.
O mais recente é COHAB GOYA (Editora Folheando) e está em campanha de pré-venda de seu livro Poemas Neon pela Taup. Clique no link a seguir para conferir e apoiar: https://benfeitoria.com/projeto/poemasneondeevertoncidade
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