Entrevistamos o escritor Paulo Prestes

Hoje publicamos uma nova entrevista com escritores no blog "Escrevendo Sobre Livros". As perguntas foram realizadas pelo nosso colaborador, o músico e poeta Everton Cidade e direcionadas ao escritor Paulo Prestes. Confira a seguir.

Paulo Adilio Prestes Ferreira, natural de São Luiz Gonzaga, mora em São Leopoldo desde 1968. Formado em  História pela Unisinos. Professor aposentado. Casado com Magda Altafini, pai de Ana Cristina, Letícia e Iohana. Avô de João Paulo, Caio e Cleo. Autor de:  "Histórias Petistas do RS". "Para Além das Aparências: Um olhar sobre a Educação em São Leopoldo". "No Balanço do Trem". "Uma Infância nas Missões do RS, nos anos 1960: Muitas Histórias para contar". "Muita História na Biografia de João Corrêia", em parceria com Sônia Corrêa (in memorian). "São Leopoldo nos anos 1940, 1950 e 1960 nas graciosas memórias infanto-juvenis de Beatriz Plentz, em parceria com Beatriz Plentz. Faz parte da Academia de Letras do Brasil (ALB).

Quais são os escritores que te inspiraram/inspiram?

Eu li inúmeros escritores de romances históricos, como os brasileiros Aluísio Azevedo, Érico Veríssimo, Raquel de Queiroz, Graciliano Ramos, Machado de Assis, Jorge Amado, Zélia Gatai, Fernando Moraes, Ruy Castro, Luiz Antônio de Assis Brasil e os estrangeiros Gabriel Garcia Márquez e Umberto Eco. Creio que a minha escrita é influenciada pelo gênero romance histórico e por esses escritores. Acrescento ainda a influência recebida de historiadores, como Eric Hobsbawm e Peter Burke, além de muitos outros brasileiros.

Qual o primeiro livro que lembra de ler?

Desde que me alfabetizei, lia muitas revistas em quadrinhos, uma prática comum na geração que foi criança nos anos 1960. Minha iniciação na literatura foi com “O Continente”, o primeiro da trilogia “O Tempo e o Vento”, do escritor gaúcho Érico Veríssimo.

Qual o primeiro livro que leu com a noção de ser literatura?

“O Continente” foi o primeiro livro que li com a noção de se tratar de literatura, pois foi uma leitura orientada pela minha professora de Literatura, Elvira Hoffmann.

Qual o processo que usa para escrever teus livros?

Inicialmente, defino o tema sobre o qual escreverei. Por exemplo, em “No Balanço do Trem”, a estrada de ferro e as viagens “conduzem” a escrita, enriquecida por observações e reflexões filosóficas e históricas. No livro “Se os Sinos falassem”, o próprio Rio serve como fio condutor da escrita, que segue uma linha cronológica. Minha própria infância orienta a escrita de “Uma Infância nos anos 1960: Muitas histórias para contar”, trabalho no qual mantenho a cronologia e me valho de informações históricas e da memória.

Para as biografias o processo deve mudar. Qual a diferença mais agradável nessa mudança?

Até o momento, escrevi duas biografias: uma delas a de João Corrêa, em parceria com a querida Sônia Corrêa, que infelizmente já não está mais entre nós; a outra é a de Beatriz Plentz, em parceria com a própria Beatriz. A principal diferença está no fato de que os trabalhos em parceria exigem muita conversa entre os autores. Em ambos os casos, elas relatavam as vivências do biografado e eu inseria o contexto histórico no qual o personagem estava inserido. O trabalho de construção do texto exigiu muita pesquisa, mas foi muito prazeroso ingressar no universo particular das pessoas e torná-las mais conhecidas, ao mesmo tempo em que popularizava a história do país e da região.

Quando teremos um livro novo de Paulo Prestes?

Estou trabalhando em dois projetos de livro ao mesmo tempo. Espero poder lançá-los em 2025.

Como conciliar família, ativismo e descanso com a profissão de escritor?

Depois de mais de 30 anos de trabalho na Educação, incluindo sala de aula, sindicato e gestão, sinto-me feliz em poder me dedicar integralmente à escrita. Procuro ler e/ou escrever diariamente, mas nem sempre isso é possível; é importante manter-me em dia com os compromissos familiares, incluindo atenção à minha companheira, filhas e netos. De modo geral, negociamos bem as atividades já que minha companheira também escreve e tem outras atividades culturais; no entanto, não são raras as divergências sobre os planos para a semana ou final de semana.

São Leopoldo tem visto seus escritores em grande movimentação nos últimos anos. O que deu esse novo impulso para a literatura da cidade?

A produção literária em São Leopoldo está de vento em popa, o que é muito bom. Acredito que há um conjunto de fatores favorecendo esse processo criativo. Um deles diz respeito às características da nossa região, que possui uma extraordinária riqueza histórico-cultural, inspirando a pesquisa e a produção literária. Outro fator é o momento histórico que vivemos no país; rompendo com as amarras culturais e políticas, as vozes de diversos grupos sociais estão sendo estimuladas a se expressar — como é o caso das mulheres, dos povos indígenas e dos afro-brasileiros. Acredito que a pandemia também teve alguma influência ao proporcionar tempo para reflexão e expressão.

Quais livros você tem lido recentemente?

Tenho lido muitos livros de História para meus próximos trabalhos; dentre eles destaco “Invisíveis: O lugar de indígenas e negros na História da imigração alemã”, de Gilson Camargo e Dominga Menezes, e “200 Máscaras”, do meu amigo Luiz Carlos Torres Araújo.

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Sou escritor, poeta, blogueiro e desenvolvedor de aplicativos móveis.