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Ler é uma perda de tempo!

Escolhi o título desta postagem apenas como forma de provocação. É claro que eu não acho isso de verdade. É bem o oposto. Ler é ganho, não só de tempo. De aprendizado. Acredito que leitura é salvação.  Posso dizer isso com todas as letras. E mesmo que faltasse algumas, ainda seria verdade. 

Através dos livros fui salvo da submissão aos desmandos da periferia. Em meio à brutalidade do bairro Feitoria, em São Leopoldo, nos árduos anos 90, com a violência e a falta de perspectivas batendo à porta, sobrevivi quase sem nenhum arranhão.

Muitas vezes me pego imaginando o que teria sido de mim sem os livros.

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Sobrevivi com a ajuda dos amigos. Tive a sorte de cruzar o caminho de muita gente boa. Bons fãs de literatura. Um deles, o Everton Cidade, falou de um escritor americano que impactou Bukowski. Bom, eu li John Fante e confesso que também senti o mesmo em relação a este autor fantástico. Estava diante de algo novo, fresco. Transformador. 

Seu romance "Pergunte ao pó" é um desses livros que fazem da leitura um prazer. Para quem é um morador do subúrbio de qualquer lugar do mundo não sente dificuldade em se identificar com os problemas de Arturo Bandini, o protagonista.

Outro amigo da época da escola, lembrando sempre que era uma época em que não haviam redes sociais e internet, mostrou os livros de ficção científica de Ray Bradbury e Isaac Asimov. Esse dois eu li enquanto escutava Jean Michel Jarré em vinil muitas vezes na áudioteca da biblioteca pública de São Leopoldo.

Além disso, tive a sorte de ter aulas no ensino médio com uma ótima professora de Língua Portuguesa e Literatura que me apresentou ao mundo fantástico de Moacyr Scliar. Esse autor gaúcho talvez não seja muito conhecido Brasil à fora, mas deveria. Ele é autor do ótimo "O Centauro no Jardim". Seu livro "Max e os felinos" foi descaradamente plagiado no filme a "Vida de Pi".

Minhas aventuras com a leitura se misturaram aos delírios do rock alternativo. Fã de ficção científica, eu lia Ray Bradbury ao som de TNT e Cascavelettes. Mas deixando o bairrismo de lado, me deliciava com The Smiths e Legião Urbana.

Enquanto isso, filho de mãe solteira, pobre, eu fugia das agressões e trabalhava de empacotador num supermercado.

Não era uma vida fácil.

A Cohab era um lugar inóspito. Acho que ainda é.

Não se sobrevive num lugar desses sem a arte. Sem livros, sem cinema, sem música. 

Sem amigos dos bons, que compartilham os mesmo gostos.

Quem emprestam seus livros e gibis.

Que gostam de xadrez e basquetebol.

Não se sobrevive sem os conselhos dos mortos. Ou sem o apoio dos mortos. Seja através de palavras ecoando na sua cabeça ou escritas em páginas amareladas de livros garimpados nos sebos de Porto Alegre.

Enfim, ler é uma viagem.

Se você está preso ao chão duro de uma vila ou ffavela qualquer em Porto Alegre, Rio de Janeiro ou Manaus, os livros poderão ser a metáfora que você quiser. Eles são asas. Ou porta, ou janelas.

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Meu nome é Maximiliano da Rosa, editor do blog. Sou autor de "Matilha Urbana de Desvalidos" é o meu primeiro romance. Ele está à venda no site da Opera Editorial https://operaeditorial.com.br/produto/1147/

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